terça-feira, 14 de abril de 2009

Social - Sistema bancário brasileiro contribui para a exclusão social


Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostra que o esvaziamento do Estado no mercado financeiro e a redução da quantidade de bancos em operação nos últimos onze anos contribuiu para promover mais desigualdade regional, nada beneficiando a inclusão social e a popularização bancária. Nos últimos dez anos houve uma transferência de recursos que serviam de crédito para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil para uma maior concentração na região Sudeste.

Denominado "Transformações na indústria bancária brasileira e o cenário de crise", o estudo conclui que o Brasil tem um sistema bancário incompleto que favorece a concentração de riqueza e o aumento da exclusão social.

Ao contrário dos Estados Unidos, que combinou a redução na quantidade de bancos com ampliação do número de agências bancárias, o Brasil apresentou diminuição na quantidade tanto de bancos como no número de agências.

Em 2007, por exemplo, o país possuía somente 156 instituições bancárias, enquanto a Alemanha registrou 2.130 bancos e os Estados Unidos 7.282 bancos. A principal fase de redução da presença dos bancos públicos no Brasil ocorreu entre 1995 e 2001, com uma breve interrupção entre 2001 e 2003, quando voltou novamente a perder importância relativa no total de ativos bancários. Em 2007, o Brasil tinha menos agência por brasileiro do que na década de 80, quando havia, para cada agência, cerca de 8 mil brasileiros.

A diferença regional detectada é alarmante quando se pensa em desenvolvimento de médio e longo prazo no país. Nas regiões Norte e Nordeste, por exemplo, a relação da população por agência chega a ser quase três vezes maior do que nas regiões Sul e Sudeste. Entre 1996 e 2006 as três regiões acumulam uma perda de 41,4% na participação relativa no total de crédito.


O estudo mostra que houve avanço da experiência brasileira de popularização de serviços bancários por intermédio das operações de correspondentes não bancários. Em 2008, por exemplo, o Brasil registrou a presença de 84,3 mil correspondentes bancários operados em locais não bancários como padarias, postos lotéricos, correios, farmácias, entre outros. Esses avanços, no entanto, não são considerados ideais. O país precisaria avançar rapidamente do ponto de vista da popularização dos bancos. O estudo sugere que a constituição de novos bancos, bancos comunitários como existem nos Estados Unidos e Alemanha, por exemplo, ajudaria não apenas a difundir o crédito, mas torná-lo mais acessível à população que se encontra fora do sistema bancário.