segunda-feira, 13 de abril de 2009

Caos na saúde – No Brasil, nem plano privado de saúde adianta mais.


Estamos acostumados a mostrar aqui no blog, o caos em que se encontram os diversos setores no país, principalmente o de saúde. A população nunca teve direito a serviços dignos de saúde pública. Os hospitais públicos, em todo o país, estão em péssimas condições. Não é novidade para ninguém. Certamente, só os políticos que acreditam no paraíso apregoado pelo líder mor e, é claro, a meia dúzia de puxa sacos, pelegos, que se locupletam do poder para viver ou, quero crer, ainda vivem de ilusão. Na realidade, já não acredito mais que sejam inocentes, incautos, que acreditam que tudo anda às mil maravilhas. A situação já deixa transparecer os interesses particulares (como de costume) e, em muitos casos, a má fé mesmo.

Pois bem, não bastasse a vergonha dos serviços públicos, originada evidentemente pela irresponsabilidade, corrupção, puro mercantilismo e, pior de tudo, pelo cinismo dos que governam, o brasileiro não pode mais acreditar nem no setor privado. Nos últimos anos, aqueles que tinham condições para se associar a um plano de saúde privado, o fizeram na ilusão de suprir o déficit existente no setor público, mesmo com todos os impostos que continuam pagando. Impostos que estão indo literalmente para o ralo há anos. A proliferação dos planos privados se deu como praga se alastrando no milharal. Existe um corretor de plano de saúde em cada esquina desse país. Esse, que seria talvez a saída para garantir uma assistência digna ao cidadão, também nos parece falido em sua maioria, visto as reclamações que chegam aos PROCONS e juizados.

Hoje, recebemos a denúncia de insatisfação com o atendimento de um desses estabelecimentos que prestam assistência médica conveniada. Provém da família da Srª. Leila Abrahão da Silva contra o Hospital CEMERU de Santa Cruz-RJ (terceirizado da Prolife).

Segundo informam seus familiares, Leila faleceu em virtude de um choque séptico no dia 06/04/2009 ás 13:30, como consta no Atestado de Óbito. Os familiares foram informados pela equipe médica do hospital que ela havia contraído uma bactéria denominada MRSA, não tendo sido orientados de como proceder com a paciente após esta ter contraído a tal bactéria. Leila estava infectada e seus familiares nada sabiam. No mesmo dia 06 ela foi internada no CTI que permitiu o acesso dos familiares, os quais exigiram orientações da equipe médica. Enquanto isso, sem informações, os membros da família tiveram contato direto com a paciente, tocando-a, confortando-a e beijando-a, o que, certamente, ampliou a possibilidade de mais pessoas se contaminarem.

Ainda segundo os familiares, o CTI do Hospital CEMERU não apresenta boas condições de higiene. Além das moscas, os funcionários que fazem a higienização retiram os sacos de roupas sujas arrastando-os pelas dependências do CTI, passando entre os familiares que aguardam a visita, descendo a rampa de acesso para ir não sabe para onde. O capote de pano da paciente, que só foi usado depois de vários questionamentos da família, ficava pendurado no cabideiro e encostava-se à cortina do paciente do leito adjacente. Os enfermeiros passaram talco (de outro paciente) em Leila, sendo ela alérgica e com MRSA! Foi solicitada a retirada do talco, quando então providenciaram outro medicamento. A paciente era higienizada com sabonete levado pela família, pois não havia sabonete no CTI. Os maqueiros e motoristas de ambulâncias de outros convênios entram no CTI para a remoção de paciente sem luvas, ou melhor, sem qualquer restrição! Detalhe: no CTI haviam outros pacientes com MRSA! Por alguns dias, durante uma obra na porta de entrada do CTI, o acesso foi desviado para uma porta lateral e os acompanhantes tinham que utilizar a pia de preparo de medicamentos dos pacientes para a lavagem das mãos.

A família informa que encaminhou essa mesma denúncia ao convênio que Leila era assegurada, a GEAP, não só pelo desrespeito e indignação causados à paciente e familiares, mas também para alertar às autoridades e familiares de outros pacientes a forma como está funcionando o CTI do Hospital CEMERU (Prolife), tanto na questão infraestrutura, quanto ao corpo técnico do hospital.

Está faltando fiscalização por parte das seguradoras e das autoridades de saúde. Não é possível continuar pagando tantos impostos, mais plano de seguro saúde privado e receber os mesmos péssimos serviços. É o caos do caos. ANVISA, Ministério, Secretarias Estaduais, Secretarias Municipais, Vigilância Sanitária, GEAP e outros convênios: fiscalização rigorosa já! A MRSA não está restrita a ambientes hospitalares. Ela pode ser transmitida na comunidade como já vem sendo comprovado. Unidades hospitalares sem condições de funcionamento podem estar servindo de foco de dispersão para as comunidade, não só de MRSA mas de outras bactérias e vírus resistentes a medicamentos e higienização convencionais.

A Bactéria

A MRSA (Methicillin-resistant Staphylococcus aureus) é uma bactéria que se tornou resistente a vários antibióticos, primeiro à penicilina em 1947, e logo depois à meticilina. Foi descoberta originalmente no Reino Unido em 1961 e atualmente está muito propagada, particularmente em hospitais, onde, por causa da resistência crescente, o Staphylococcus aureus (estafilococo dourado) é chamado de superbactéria (ou supergerme). Embora seja vista tradicionalmente como uma infecção associada aos meios hospitalares, existe atualmente nos EUA uma epidemia de MRSA que é adquirida pela comunidade. As abreviações CA-MRSA (associado à comunidade) e HA-MRSA (associado ao hospital) são usadas para distinguir as duas situações.

O principal modo de transmissão do Staphylococcus aureus é de paciente para pacientes, via mãos dos funcionários, que se tornam colonizadas transitoriamente após manipular pacientes ou artigos contaminados. A transmissão aérea também pode ocorrer, porém em menor frequência. Fazer a cama pode dispersar microrganismos no pó gerado, aumentando a contaminação aérea. Outro vetor de transmissão seriam os próprios animais, já que a bactéria também se acomoda nas fossas nasais sendo assim também transmitidas. Os alimentos também podem transmitir a bactéria, se estiverem sendo mantidos fora das condições naturais de conservação, sendo um alto vetor de transmissão, principalmente em ambientes que favoreçam a perecibilidade dos mesmos.

Com cópia para: Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, Extra, Anvisa, Geap, Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde,
Superintendência de Controle de Zoonoses, Vigilância e Fiscalização Sanitária.