quarta-feira, 25 de março de 2009

Biodiversidade - Voluntários ajudam a salvar milhares de filhotes de tartaruga no Amazonas


Cerca de oito mil filhotes de quelônios nasceram nas praias da Estação Ecológica Juami-Japurá, na margem direita do rio Japurá a 400 Km do município de Tefé, uma das áreas mais remotas da Amazônia brasileira, onde o estado do Amazonas faz divisa com a Colômbia, graças à fiscalização e ao monitoramento da equipe de gestores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que atuam na unidade de conservação em conjunto com voluntários. Durante seis meses, eles protegeram 285 covas e garantiram a reprodução e o nascimento de tartarugas-da-amazônia, tracajás e iaçás.

Para assegurar o resultado, a equipe do Instituto contou com a colaboração de três agentes ambientais voluntários e teve de deslocar várias covas localizadas em praias mais longínquas para a praia em que foi realizado o monitoramento, um local mais protegido, garantindo que os filhotes pudessem nascer em segurança, livres dos ataques de predadores ou consumidos por humanos. Nessa segunda temporada de proteção aos quelônios, que começou em setembro do ano passado e se encerrou na primeira quinzena de março, foi contabilizado também um aumento 125% de filhotes em comparação com o período em que o projeto de conservação dos quelônios foi executado na região pela primeira vez, entre 2007 e 2008.

A espécie que apresentou maior aumento no número de filhotes foi a tartaruga-da-amazônia, que chegou a procriar 3.200 animais. Esse crescimento foi atribuído à ampliação do número de covas que aumentou de duas, no período entre 2007 e 2008, para 30, entre 2008 e 2009, além da ampliação da área de atuação. Dessa vez, a equipe estendeu sua ação a praias mais de 100 Km distantes do local em que as atividades de proteção foram desenvolvidas, as quais são as mais usadas para captura de quelônios e para coleta de ovos. Para acessar esses locais, levam-se cerca 3 horas de voadeira (embarcação) a contar da base em que estavam situados os agentes ambientais voluntários o que demandou grande esforço e energia dos envolvidos no trabalho.

Outro fator que garantiu o aumento do número de animais e sucesso do projeto foi a participação da comunidade. Para surpresa da equipe do instituto, a população do município, cuja cultura tradicional é a de consumo de quelônios, vulgarmente chamados de “bicho de casco”, apoiou o projeto desde o início. Na região, o consumo desses animais é cultural, havendo diversos tipos de pratos, além de pescadores especializados em capturar tartarugas.

O esforço foi recompensado pela Prefeitura de Japurá que, no final do período, doou um bote e um motor de popa para as atividades da próxima temporada. Além do apoio da Prefeitura de Japurá que cedeu um motor de popa aos agentes voluntários, o projeto de conservação contou com o Programa ARPA e Projeto Corredores Ecológicos, que financiaram o trabalho.