quarta-feira, 25 de março de 2009

Descaso – O mais novo foco de dengue do Rio de Janeiro


Já não bastasse o caos deixado pelo prefeito anterior e que permanece até os dias de hoje, o carioca vê o retrato do descaso e do desperdício do dinheiro público mais uma vez imperando na cidade. Concebida para ser o principal equipamento cultural do Rio, a Cidade da Música, na Barra da Tijuca, é hoje um possível foco de dengue. Considerada a obra mais polêmica e criticada dos últimos tempos, a Cidade da Música construída pelo Prefeito César Maia e inaugurada ainda em obras, no apagar das luzes do seu governo, já consumiu dos cofres públicos mais de R$ 480 milhões e, segundo informações do atual governo, serão, ainda, necessários mais de R$ 100 milhões para sua conclusão. Lembremos que ela foi orçada inicialmente, há mais de cinco anos, em R$ 80 milhões. Nada mais nada menos que um aumento 7 vezes maior em relação ao orçamento original.

Em troca da custosa e delirante Cidade da Música, César Maia conduziu o Rio ao abandono de setores essenciais, como educação, saúde pública e habitação. Destes, a calamidade da epidemia de dengue foi apenas o seu mais danoso exemplo. Na inauguração, entre entulhos e muita lama, após alguns dias tentando obter licenças do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, o então prefeito convocou a COMLURB (esse sim, pessoal trabalhador) para fazer uma maquiagem no local, pois estava difícil disfarçar a situação catastrófica em que se encontrava o seu mais estapafúrdio brinquedinho. Regeu orquestra, cortou fita, descerrou placa, uma verdadeira festa. Levou um tombo, lembram-se? Que situação mais vexaminosa para o final de um governo. Inaugurar às pressas uma obra inacabada e fazer um verdadeiro teatro. Pelo menos estava num local apropriado para representar! Terminou o governo com circo para o povo! Bom, vamos ao que interessa.

Prestes a completar três meses de atividades paralisadas e com a suspensão do contrato com a empresa responsável pela construção, determinações do novo prefeito, Eduardo Paes, no primeiro dia útil do ano até que se conclua uma auditoria nas contas do complexo, o canteiro de obras às margens da Avenida das Américas acumula sujeira, entulho e água parada. Quem passa por ali fica estarrecido com o caos em que se encontra a Cidade da Música. Com o interior ainda inacabado, estão expostas estruturas tubulares, rampas de acesso tomadas por materiais de construção, um verdadeiro abandono. São tubulações, manilhas, latas, restos de madeira, vergalhões e dezenas de carrinhos de mão enferrujados por toda a parte.

Para completar o quadro catastrófico, uma das passagens subterrâneas da obra está alagada e pelo menos quatro caixas d'água sem tampa e latões de metal, tanto no canteiro que faz divisa com o Terminal Alvorada como dentro dos jardins do complexo, constituem um prato cheio para o mosquito da dengue. Lembram-se? Aquele que no ano passado matou mais de 140 pessoas no Rio e infectou milhares de cariocas por todos os bairros da cidade! Ah, já ia me esquecendo. Os carrinhos de mão abandonados também acumulam água nas caçambas para as larvas nadarem.

O novo prefeito, até hoje, não demonstrou a menor preocupação em informar a população a quanto anda essa auditoria, o que realmente já foi apurado e qual o futuro da Cidade da Música. Em viagem de trabalho aos Estados Unidos, somente ontem Eduardo Paes respondeu, através de sua assessoria de imprensa, que não há data prevista para a retomada das obras, uma vez que elas dependem do resultado da tal auditoria, a qual tem prazo para encerramento de 120 dias, isto é, encerra-se em abril.


Como bom menino, que aprendeu muito com o ex prefeito, o seu professor, o novo prefeito, pelo menos, deveria convocar a COMLURB para dar um jeito nessa pouca vergonha, como foi feito na fajuta inauguração por determinação de seu mestre. E mais! Onde estão os secretários de saúde, de obras, o vice prefeito, que na ausência do titular não tomam qualquer providência?

Finalizando, o caso virou pendenga política como tipicamente ocorre em todo o país. O Ministério Público Estadual aceitou representação feita pelo vereador Carlo Caiado (DEM), que reclama da demora na retomada das obras e alega que o ex prefeito teria deixado recursos numa conta bancária aberta para custear a conclusão do empreendimento. O vereador acusa Paes de perseguição política.

Não sei quem é mais cara de pau! A oposição ou a situação. A verdade é que o carioca não pode esquecer dos milhões de reais aplicados no projeto, resultado dos impostos pagos por todos nós. Até quando aturaremos tanto cinismo? Até quando o povo continuará a eleger esses tipos?