quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Meio ambiente - Estilo de vida do homem extrapola capacidade do planeta


A Terra perdeu, em pouco mais de um quarto de século, quase um terço de sua riqueza biológica e recursos, e no atual ritmo, a humanidade necessitará de dois planetas em 2030 para manter seu estilo de vida. A demanda da população excede em cerca de 30% a capacidade regeneradora da Terra, segundo o Relatório Planeta Vivo 2008 do WWF, divulgado a cada dois anos sobre a situação ambiental dos ecossistemas.

O mundo está lutando atualmente com as conseqüências de ter supervalorizado seus ativos financeiros. Mas uma crise muito mais grave ainda virá: um desastre ecológico causado pela não valorização de nossos recursos ambientais, que são a base de toda a vida e da prosperidade.

Mais de 75% da população mundial vive atualmente em países que são "devedores ecológicos", onde o consumo nacional superou sua capacidade biológica de regeneração. O homem segue alimentando o estilo de vida atual e o crescimento econômico extraindo cada vez mais o capital ecológico de outras partes do mundo. Se as demandas no planeta continuarem crescendo no mesmo ritmo, em meados dos anos 30 necessitaremos do equivalente a dois planetas para manter o estilo de vida atual.

O Índice Planeta Vivo (IPV) caiu quase 30% desde 1970. Isto significa que se reduziram nessa proporção aproximadamente 5 mil povoações naturais de cerca de 1.686 espécies, uma taxa superior a de 25% do relatório de 2006. Estas perdas se devem a fatores como desmatamento, poluição, pesca proibida, impacto de diques e mudança climática.

As atividades humanas utilizaram uma média de 2,7 hectares globais por pessoa, enquanto a capacidade dos sistemas de absorver o impacto só chega a 2,1 hectares em média por pessoa. Os Estados Unidos e a China contam com as maiores demandas. Cada um conta com 21% da capacidade global de absorver o impacto, no entanto os dois países "consomem" uma parte muito maior dos recursos. Assim, cada cidadão dos EUA requer uma média de 9,4 hectares globais, enquanto que os chineses usam uma média de 2,1 hectares. Além disso, oito nações - EUA, Brasil, Rússia, China, Índia, Canadá, Argentina e Austrália - contêm mais da metade dessa capacidade global. No entanto, EUA, China e Índia, devido a suas povoações e hábitos de consumo, são "devedores ecológicos", com demandas superiores às suas capacidades, pois a excedem, respectivamente, 1,8 vezes, 2,3 vezes, e 2,2 vezes.

Estes dados contrastam com os do Congo, com uma capacidade de absorver o impacto de quase 14 hectares globais por pessoa e que só utiliza 0,5 por habitante, mas que enfrenta um futuro de degradação ambiental pelo desmatamento e pelas crescentes demandas de uma população em crescimento e por pressões para exportar seus produtos.