sábado, 23 de agosto de 2008

Crime ambiental – As consequências de um cinismo escancarado


Estava demorando, mas as porteiras começaram a se abrir para mais crimes ambientais no país. Segundo o jornal O Globo, por decreto do presidente Lula, o governo vai liberar o plantio de cana-de-açúcar e a instalação de usinas de álcool em áreas do Pantanal. A proibição do avanço da cana na região foi uma das principais bandeiras da ex-ministra Marina Silva. Com sua saída, os ministros Carlos Minc (Meio Ambiente) e Reinhold Stephanes (Agricultura) fecharam um acordo duramente criticado por ambientalistas.

A notícia da liberação irritou dirigentes de ONGs ambientalistas, que elevaram o tom das críticas a Minc e chegaram a pedir sua saída do governo. O ministro rebateu os ataques e classificou os protestos de "gritaria, infantilismo e ecodemagogia".

Na última quarta-feira, numa cena incomum, Minc foi aplaudido por parlamentares da bancada ruralista ao encerrar sua participação numa audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara. Minutos antes, ele havia anunciado a decisão de rever o decreto presidencial que havia endurecido, há um mês, as penas por crimes ambientais.

No dia anterior, Minc já havia provocado polêmica ao fechar acordo com o ministro da agricultura, para permitir que os produtores que desmataram além da reserva legal compensem o dano fora dos limites de sua propriedade, contanto que a área escolhida fique no mesmo bioma.

Mais uma demonstração das intenções vergonhosas desse governo para com o meio ambiente. Num país com tanta terra para se plantar, promover o desenvolvimento da monocultura da cana-de-açúcar na região do Pantanal, um dos ecossistemas mais sensíveis e mais ameaçados
do planeta, é simplesmente um ato criminoso. Gritaria, infantilismo e ecodemagogia é o que o atual ministro está acostumado a fazer aqui no Rio de Janeiro, quando consegue meia dúzia de gatos pingados para acompanhá-lo em patéticas e cômicas manifestações públicas em “prol do meio ambiente”. Nesse tipo de experiência ele é craque. Agora está tendo que mostrar nacionalmente que também é capaz de se sujeitar às pressões dos poderosos em prol do “desenvolvimento”. Substituiu uma ministra, que através da inércia (em especial na liberação de licencenças ambientais), pelo menos criava dificuldades para que criminosos não terminassem de vez com os principais ecossistemas brasileiros apoiados na legalidade. Na sua época (não mudou muita coisa de lá para cá), as maiores agressões ocorriam de forma ilegal com a facilitação da inerte fiscalização oficial. Agora, sobre o pretexto da ação e do "desenvolvimento sustentável", o ministro e seus companheiros de governo começam descarada e cínicamente escancarar as porteiras da devastação sob os aplausos dos grandes destruidores e exploradores do povo e da nação. É por essas e outras que divulgo no meu humilde espaço o slogan abaixo.